Pólo Industrial Oliveira - Travanca

INVESTIMENTOS DE INTERESSE ESTRATÉGICO: ZONA INDUSTRIAL DE VILA MEÃ

Pior do que fazer mal é não fazer nada e criticar aquilo que outros, sempre imbuídos de espírito empreendedor e muitas vezes filantrópico fazem, tantas vezes à custa de sacrifícios significativos.

O sentido de serviço e de interesse público, fez com que alguns de nós ousassem criar um fórum próprio de discussão e de apoio ao desenvolvimento empresarial de Vila Meã, a AEVM, que muito tem feito no sentido de congregar esforços para o desenvolvimento económico e social da nossa terra.

Tenho por filosofia comportamental o hábito de não reconhecer validade a comentários ou opiniões anónimas, dissimuladas ou mal assumidas. No entanto, sendo tratar-se de um assunto de reconhecido interesse colectivo, não posso deixar de aproveitar a oportunidade para, por um lado esclarecer aquilo que parece ser um desconhecimento quase total do processo em questão e, por outro lado, convidar quem esteja interessado a juntar-se a nós, dedicando também algum esforço ao interesse da região, aumentando as sinergias de grupo e enriquecendo a discussão e a qualidade das decisões.

Muito tem sido feito pelo desenvolvimento deste processo, como facilmente pode ser constatado pela análise cronológica do mesmo que mais à frente se desenvolve.

Registe-se, no entanto que, não dispondo o plano de meios financeiros excedentes, antes pelo contrário, todos os investimentos têm que ser muito bem ponderados, amadurecidos e moldados de forma a garantirem o indispensável efeito multiplicador da economia.

Quase nunca se conjugam todas as variáreis para que as opções sejam perfeitas em todas as suas vertentes. Veja-se o futuro (ou não) aeroporto de Lisboa na Ota (ou não), que se discute há mais de trinta anos e relativamente ao qual parecem haver ainda poucas certezas para além da sua necessidade.

Pois o mesmo se passa “mutatis mutandis” com a zona industrial de Vila Meã sendo que, não esperamos precisar de tanto tempo para obter resultados concretos, particularmente se pudermos contar com o bom espírito construtivo dos nossos concidadãos e não com o vulgar “deita abaixo” gratuito de quem nada faz.

Como sabiamente disse um dia o saudoso Papa João Paulo II: 

“Não tenhais medo”

Também já não é deste mundo

Escrever cartas em segredo.

No meio deste cenário todo, os únicos que têm de dar a “cara” são o Presidente da C.M.A. e o signatário. Independentemente da carta ao director do Jornal de Vila Meã, Sr. “Alberto Jardim” e da entrevista do Sr. Presidente da Câmara a este jornal, já era intenção minha, como vem sendo hábito, fazer o ponto da situação.

O tempo de maturação destas ideias com os interlocutores, que são as Câmaras, o Ministério do Ambiente, o Ministério da Economia, os empresários e os proprietários dos terrenos mede-se por anos e não por dias.

O Pólo Industrial de Vila Meã tem ocupado muito do tempo que não temos. Já partimos muita “pedra” e continuamos a “burilar arestas”. As características do terreno não ajudam nada. Basta ir ao local e ver que assim iniciamos o nosso trabalho em Janeiro/2000, ano em que foi criada a A.E.V.M.

 

1.   Síntese cronológica do Processo

Jan./2000..........C.M.A. - fornece carta e proprietários do terreno

Jul./2000...........A.E.V.M. - fornece o 1º esboceto

Out./2000..........Ministério da Economia dá parecer favorável

Nov./2000.........Ministério do Ambiente dá parecer desfavorável (reserva ecológica e linhas de água)

Ago./2001.........A.E.V.M. novo esboceto (contracção do terreno e consideradas linhas de água)

Maio/2002........C.M.A. altera Espaço Florestal para Espaço Industrial

Nov./2002........Ministério do Ambiente pede nova rectificação ao ante-projecto e só com o Plano de Pormenor ・ objecto de ratificação pelo Governo.

6 Mar/2003...D.G.O.T.O.U. - Diário da República foi registada a alterado

Mar./2003........C.M.A. baseado no esboceto da A.E.V.M começa a elaborar caderno de encargos e a organizar processo de concurso.

Jul./2003..........C.M.A. - por sugestão da A.E.V.M. suspende concurso.

Antes, terá que ser feito um estudo geotécnico do terreno afecto à zona industrial, semelhante do já realizado para a 2ª empresa. (Foi fornecido à Câmara cópia do relatório). Ver item 2.

 

2.   Instalação de Empresas

1- Neste espaço de tempo, instalou-se uma empresa têxtil (que entretanto faliu) e não se instalou a 2ª devido às características do terreno.

Na 1ª teve que se recorrer ao emprego de estacas que atingiram 12 metros de profundidade. Pensava-se que o terreno ao lado fosse melhor, mas mal se iniciaram as fundações chegou-se à conclusão que o terreno era semelhante ao 1º.

Face ao sucedido achou-se conveniente fazer um estudo geotécnico e os dados não são nada animadores. (A localização é boa mas o terreno é mau).

2- Face as características do terreno (grande surpresa para nós) foi suspensa a instalação da 2ª fábrica (que estava previsto começar a laborar em Outubro de 2003). A empresa em questão investiu ali 110.000,00€ e não viu esse capital ser rentabilizado.

 

3.   Enquadramento Geotécnico

Enquanto não se fizer o reconhecimento e o estudo geotécnico, não sabemos que destino dar ao terreno ou que empresas ali se podem instalar. (Era a 1ª coisa a fazer-se).

O nível freático foi detectado a variar entre cotas baixas.

O terreno é povoado de muitas linhas de água e demasiado acidentado, obrigando a grandes movimentos de terras, a entubar linhas de água, muros de suporte e aquando das fundações o emprego de estacaria.

É necessário determinar tensões de segurança, tensões admissíveis e respectivos assentamentos (Eurocódigo – 7).

 

4.   Comentários

1 – A A.E.V.M “partiu muita pedra”, muitas horas de trabalho e ficou endividada (não recebeu um cêntimo).

A A.E.V.M propunha-se finalizar o plano de pormenor (desde que a Câmara pagasse os honorários do Arquitecto arranjado pela A.E.V.M.). De acordo com a lei em vigor não pode ser. As zonas Industriais não são consideradas PIN (de Potencial Interesse Nacional). O Estado tem outras prioridades que não a Estrutura Produtiva (aquela que produz riquezas).

2Terrenos – Tem de ser a Câmara a comprar os terrenos. Alguns vão ter que ser expropriados.

3 – As Câmaras têm de ser dotadas de mais meios e com maior poder de decisão local (os investimentos têm de ser encarados á luz do pragmatismo e da celeridade e não da desconfiança).

4 – O Estado, de uma vez por todas, tem de preocupar-se com as PME 's e incentivar as organizações que as representam.

5 – Tem de haver uma parceria responsável entre a Câmara e a AEVM para não acontecer casos semelhantes às Zonas Industriais de Carido, de Casais Novos, etc. (Que têm sido um grande fracasso).

É verdade que compete às Associações Empresariais um conjunto de medidas para promover, agilizar e unir as PME, exigindo que o Governo comece a encará-las com “olhos de ver”.

As PME devem “ser tratadas com o respeito que merecem”, uma vez que são responsáveis por 99% do tecido empresarial nacional.

Compete aos empresários terem coragem de saber aproveitar as suas organizações representativas, mesmo que à custa de algum sacrifício próprio, para concentrarem estratégias e desenvolverem “lobbies” tendentes à obtenção de vantagens competitivas para as respectivas regiões.

O que se tem verificado, infelizmente, num divórcio quase total dos nossos empresários relativamente à sua Associação representativa. (Não aparecem simplesmente... dois ou três que resolvam os problemas).

É uma realidade que o tecido empresarial ainda está pouco organizado em torno das suas associações. É grave ouvir frequentemente alguns empresários desabafarem que não precisam desta ou daquela Associação para nada.

Precisamos uns dos outros e tomar consciência de que não podemos continuar com o individualismo exagerado. Assim não vamos lá..